domingo, fevereiro 27, 2005

eu definitivamente não sei tocar guitarra.

Tem uma música do radiohead que diz que anyone can play guitar.
But I can’t.
Meus ouvidos denunciam as atrocidades cometidas pelos dedos nas inocentes cordas, cujo único crime foram ser a primeira da fila na estante de compra.
Sabe qual é o meu problema: ouvir boa música.
Se eu escutasse apenas porcarias, não estaria condenado a nunca conseguir tocar os sonhos compostos pelos muitos Johns espalhados por ai...




.por rodrigo, completamente sem inspiração.

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

here comes the rain...

eu acordei hoje e a chuva havia despertado de seu sono.
o leve vento tocando os rostos das pessoas alegres pelo alívio que os pingos causavam no corpo cansado do calor atordoante passado nos últimos dias.
água deslizando pelos telhados das casas ainda sonolentas e de luzes apagadas.
um carinho nos fatigados pelo soltício de verão.
um descanso, uma lembrança no passado tempo dos destinos.
fatidico dia de trabalho.
queria andar de ônibus ao som do aniversariante que não está mais.
hoje George Harrison completaria anos.
o sol deve voltar depois que os pássaros cantarem mais uma ou outra alvorada, mas alguns gênios se vão, sem nunca nos deixar.

.por rodrigo, there is something.

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

da série notícias que alguém tem que cobrir

Segunda, 21 de fevereiro de 2005, 18h41
Homem nu rouba carro da polícia na Filadélfia


A polícia perseguiu um homem completamente nu pelas ruas de Filadélfia, nos EUA, depois que ele ter se despido do roupão que usava, mordido um policial e roubado uma viatura na tentativa de escapar. O homem foi capturado depois de bater com o carro em automóveis estacionados, abandonar o veículo e tentar fugir correndo descalço. Ele será acusado de agressão e roubo de carro.
O episódio começou por volta das 1h30 da madrugada de hoje, quando a polícia foi chamada para investigar gritos na rua. Policiais na cena disseram ter visto um homem correndo em roupão de banho pela neve. A polícia começou então a perseguição.

Na pressa, o homem então deixou cair o roupão, mordeu uma policial no braço, atirou-se dentro do carro-patrulha e pisou no acelerador. Depois de dirigir por alguns quarteirões, ele colidiu com a viatura. O nome do suspeito não foi divulgado.


fonte: Terra/AP



agora,imagina o policial que foimordido.
como ele vai encarar os amigos policiais dele.
e será que a mulher dele vai acreditar que a mordida foi de um HOMEM pelado.
porra, perai, um POLICIAL, VESTIDO de POLICIAL é mordido por um CARA PELADO...
só faltava o índio, o cara da construção, o cowboi e o masoquista pra ser uma noite com os Village People...


.por rodrigo, fazia tempo que eu não tosqueava com notícias.

Horas extras

Eu tinha pensado em chegar em casa e arrumar meu quarto.

Sabe, tem muitas coisas fora do lugar. Algumas nem tem lugar. Preciso inventar mais lugares pra guardar as coisas que vão acrescendo o número de coisas guardadas. Remanejar outras coisas. Talvez tenha que colocar algumas coisas fora. Talvez.

Eu tinha me programado sair mais cedo do serviço. Tinha pensado em chegar e arrumar as pendências de meses. Sabe, tem coisas em cima de coisas no meu quarto.

Tem roupas em cima de coisas no meu quarto. Eu não gosto de roupas sujas no meu quarto. Mas eu sempre esqueço de levá-las para o lugarderoupassujas, que fica no banheiro. Ao menos não tem toalhas molhadas no meu quarto.

Eu não gosto do pó que as estantes do meu quarto vem somando nesse tempo. Eu até ia limpar, antes de organizar as coisas, por que daí eu ia guardar as coisas nos seus devidos lugares e os devidos lugares estariam limpos. Até os novos devidos lugares das novas coisas estariam limpos.

Eu ia sair mais cedo do serviço e ia agilizar esse servicinho no meu quarto.

De fato, saí mais cedo do serviço.

De fato, fiquei andando por algumas esquinas para não pegar o ônibus. Eu vi várias vezes o ônibus me virar as costas e partir, como se eu tivesse alguma culpa de não querer ir para casa.

Mais cedo, mas bem mais tarde, eu tinha que ir pra casa.

Eu cheguei em casa.

Eu fui até meu quarto.

Eu ia limpar meu quarto.

Mas eu só ia ligar o computador e ver alguns mails. Tinha que enviar o arquivo do trabalho pro trabalho.

Eu vi você na internet. Sua foto, na direita, em cima da minha.

Eu esqueci do meu quarto, joguei minhas roupas por cima de outras roupas e as meias por cima de algumas coisas. Fiquei de bermuda e camiseta. Tentando relaxar, acho.

Mas, de fato, as horas passaram.
E, agora, meu quarto continua bagunçado.
Isso, só por eu ter te encontrado mais uma vez no msn.

De fato, tenho que acordar daqui a pouco e ir pro trabalho.



.por rodrigo, hora de almoço sem almoço, de novo.

chegando em casa

acontece que às vezes a vida erra o passe (a vida é péssima em jogos de equipe) e quem leva a culpa é o cara que não recebeu. porque ninguém aqui é ingênuo pra culpar a vida. acontece que às vezes a gente também erra feio e fica na mão de outro pra arrumar. porque nesses tempos modernos até o google sabe o que tu quis dizer. acontece que às vezes tu saber que uma coisa é verdade não implica, necessariamente, que tu acredite nela, por mais que isso contrarie a semiótica. e se você não é capaz de entender isso é porque a vida ainda não errou passes suficientes contigo. ninguém sai dessa sem levar pelo menos um chute na canela, uma contusão e, claro, algum problema no joelho. é a vida. e a vida tem seus dias.

por julia

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

moodie

eu tenho uma dificuldade imensa em diferenciar mods de indies. na formatura da fabico, na frente do garagem, ainda tentei um último cursinho intensivo: ok, indies usam adidas e jaquetinhas listradas, mods usam roupas dos anos 60. nisso passa uma dupla oriunda do bambus, os dois com paletós coloridos, um segura um violão, o outro toma cachaça de uma xícara de chá. pires e tudo. olho de cima a baixo, são mods. ponto pra mim. me perguntam o que o marcelo que está do meu lado é. calça risca-de-giz, camiseta colorida com um número, coisas no pulso. putz, sei lá, é um publicitário. not good enough. é um indie. ponto pra eles. mas também, vamos combinar, é complicado. de um lado estão os moderninhos, usando coisas modernérrimas, super coloridas, sendo que a moda hoje em dia está sempre fazendo referências a umas décadas atrás. do outro lado estão os que usam roupas dos anos 60, quando as roupas de então queriam parecer modernas e a frente do seu tempo. pra mim, é tudo uma lambança de gravatinhas, listrinhas, paletós e coisinhas. e isso não foi crítica nem nada, eles apenas me confundem.

.por julia.

agora tu reseta...

Mais impressionante do que o conhecimento que alguns têm sobre informática é a capacidade dessas pessoas de não conseguir solucionar nenhum problema relacionado com informática.



.por rodrigo, esse computador não tem paciência.

You were right about the stars

Aquela pequena pausa que precedia o suspiro.
A menina se entregava ali. Naquela pausa. Ali ela morria pra ressurgir e voltar a deixar o ar descer pelo se esôfago e estufar o seu peito.
Ali ela morria.
Ali ela deixava o mundo tomar conta de seu corpoinocente.
Sentia a dor do soco do irmão mais velho na boca do estomago do irmão delator.
Sentia o olhar do pai.
Sentia a lágrima da mãe.
Sentia o tênis da moda no pé do piá no morro.
Sentia o bebê tomando restos de leite azedo encontrado em uma lixeira da zona sul.
Sentia o violãodomenino.
Eu lia nos seus olhos, um pouco antes das pálpebras lhes mostrarem outras coisas, sua alma rasgada.
Eu lia a mentira que ela chegou a acreditar.
Eu lia o espelho sem censura.


.por rodrigo, jesus, dont cry.

i face the final curtains

Aqui essa sala é muito quente.
Suor e idéias se misturam com as informações sobre seca, algas e carvão.
As horas paradas param de repente e a quantidade de trabalho supera, em segundos, o que não existiu por horas.
Não almoço. Como alguma coisa de tarde. Bolachas ou um salgado que curiosamente custa um real, vale mais que isso.
A água aqui é de graça, seria irônico se não fosse assim.
O Telefone toca a cada cincominutos. Algumas pessoas são muito melhores do que os trabalhos que lhes são designados. As meninas trabalham mais que eu. A correria dos PP é muito maior.
É ruim ser o cara novo. Não saber direito o trabalho, não saber como ajudar.
É estranho. Parece que eu sou o último a saber das coisas, mas isso é só por que eu su o último a saber das coisas.
A barradeespaçodesseteclado não ajuda.
pedi pra trocarem, mas daí, na hora em que o cara da informática veio, o teclado funcionou como que merecendo uma foto na parede em cima da frase “funcionário do mês”.
Virei meu computador. Agora posso ver a minha supervisora de frente. Agora posso entrar no orkut sem que as pessoas vejam.
Agora eu estou sem fazer nada, mas a outra jornalista também está sem fazer nada. Só a minha supervisora nunca pára. Ela nunca pára. Por que ela é a que faz o melhor trabalho. Então sobrecarregam ela.

na janela eu vejo os tanques de decantação da água.
eles parecem piscinas olímpicas.


.por rodrigo, uma piscina, por favor.

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

beto era o nome do marido dela

ontem na rua vi a tia simone. a tia si que me deu aula na primeira e segunda série no (àquela época) tradicional colégio bom conselho, quando eu ainda nem imaginava que faria faculdade na mesma rua, só que alguns metros abaixo. éramos muito ligados, minha turma e a tia si. tanto que a direção nunca deixava o mesmo professor com a mesma turma por dois anos seguidos, para os alunos não ficarem se apegando, mas a tia si pediu, a gente pediu e assim foi. ela casou no primeiro ano que nos deu aula, e teve uma filha no segundo: a juliana. e a turma toda foi levada de ônibus pro hospital pra conhecer a filhinha da tia si. ficamos olhando a juliana toda minúscula no berçário. e olha que nós já éramos bem pequenos, mas a ju era uma bolinha menor ainda toda enrugada com uma boca que parecia um coraçãozinho. vermelho e enrugado. um morango, talvez. e voltando ao que eu dizia, vi a tia si ontem na rua. eu estava no ônibus e ela atravessando a rua. então num momento de alegria "puxa, olha só a tia si!" eu acompanho com os olhos a antiga professora, correndo na sinaleira amarela pra chegar na calçada e acender um cigarro. um cigarro? ela fuma? ela fuma! meu deus, será que ela fumava já naquela época? não, não devia, ela teve filha e tudo mais, ela não faria isso. claro que não, ela era a pessoa mais meiga do universo e nos ensinou a ler, como é que a pessoa que te ensina a ler vai ser um fumante? é óbvio que não. então ela começou a fumar depois? que tipo de estresse leva alguém de mais de trinta anos a começar a fumar? talvez ela tenha se separado do marido. talvez ela tenha fumado escondido a vida toda. não sei. fato é que me decepcionei com a tia si. porque tudo bem os teus professores do segundo grau fumarem. tudo bem os teus colegas fumarem. tudo bem se tu fumar. mas a tua professora da primeira série é território sagrado. não fuma, não bebe, não joga e os filhos são sempre do espírito santo.

.por julia.

domingo, fevereiro 13, 2005

E o que é feito do próximo

O que nos torna humanos é ter que descobrir a cada instante o que fazer com o próximo segundo, ou milésimo de segundo. O não saber do futuro e contar apenas com o passado e mais ninguém.
O que nos torna humanos é o medo e o desfecho de alguns de nossos atos impensados.
Não sei o que é ser humano, mas estou me tornando um a cada dia.
Isso me assusta. E esse medo me prepara melhor para o que há de vir.
É estranho.
É um mundo pequeno esse em que vivo. Um mundo que muda muito.
É ter que fazer malabarismos mágicos com o tempo e com os sonhos que caem no chão.
Ao mundo e seus domínios.
Aos sonhos e os destinos que os interceptam.




.por rodrigo, saudades desses domingos.

hi-fi? yeah, right.

na tv um filme em que o bruce willis estava espancando alguém.
cliente velhinho: esse é o mais novo dele?
atendente: não, esse é o último
minha locadora de vídeo está decaindo a pulos de penhascos.

.por julia. o povo contra larry flynt e ghost dog.

faltaram as reticências

não é que eu me preocupo. as coisas me preocupam. e se eu não pedi por favor é porque eu não queria que soubessem que eu queria tanto. e se eu não vou pedir desculpa é porque eu não acho que estou errada. tá, eu até acho, mas eu penso que ninguém tem nada a ver com isso. muito. não é que eu queira passar da linha, eu só nem sempre vejo a linha. rapaz, são umas linhas bem finas que contornam esse mundo. e são sempre duas medidas que pesam o mundo. e eu venho tentando trapacear colocando pesos a mais em um prato da balança, mas todo mundo sabe (que isso é coisa que se ensina no colégio) que não dá pra enganar as leis da física. mas eu tento igual, sempre roubando pro teu lado. das duas uma: ou tu não pesas o suficiente, ou eu venho colocando coisas demais no outro prato.

.por julia.

eu sei, eu sei

pequeno trecho do pergunte ao pó. john fante. ou arturo bandini.

Aquilo não era da minha conta, mas ela era Camilla; me enganara e fizera pouco de mim e amava outra pessoa, mas era tão bonita e eu precisava tanto dela e por isso decidi que aquilo seria da minha conta. Eu a esperava no seu carro, às onze, aquela noite.

.por julia.

sábado, fevereiro 12, 2005

o relógio está piscando

Faltou luz aqui em casa agora a pouco
Faltou luz numa tarde de nuvens e chuva
Faltou o silêncio das gotas tocando o solo
Faltou a voz do outro lado soluçando uma desculpa qualquer
Faltou o livro me dizendo que há outros mundos
Faltou a caneta e a carta da despedida
Faltou luz aqui na esquina
Faltou o sufoco e o tudo vai melhorar
Faltou o hiato temporal que nos prende na lembrança de alguém
Só não faltou meus dedos pensando sobre as cordas do violão


.por rodrigo, me parece que o sol está reaparecendo apenas para o ritual de partida.

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

sobras de ser

fantasmas viram fantasias
nas mentes das meninas
que sonhavam com a cena
mas só viram os bastidores
de um filme sem fim
que se repete na tv dos cegos
e daqueles que sabem sempre muito mais que os vivos:
os sabidos e sabichões
que nunca amaram
mas sabem de cor a cartilha dos sermões



.por rodrigo, conselhos e por hoje chega.

o céu é um ponto obscuro na minha cabeça

na beira do abismo
quando surgir um destino
sugiro que se desligue da rotina
e corra o risco de voar com os passarinhos
ao menos uma vez na vida
ao menos uma mentira de verdade




sem asas,
faço do chão a minha estrada,
das cicatrizes minhas histórias,
e dos martírios minhas glórias.

das vitórias, faço vitórias

sem aspas,
sonhos que se tornam vertigens,
monstros que se mostram em vestígios de gente
e vestidos que transformam delinqüentes

tudo que tocam vira ouro
e o tolo acredita no sangue e no suor
que rompe os poros e as roupas
e cai no cenário de um roteiro mal escrito
e de um poema sem



ou zeus ou seu zé
sou eu, mesmo indo a pé até o céu


.por rodrigo, escute wilco.

ao léo, sem olhar pro céu

ele era ateu
ela ajoelhava diaadia pra Deus
deu no que deu
em nove meses, um judeu
em dois anos, um plebeu


.por rodrigo, seu.

sapatos sem cadarços

eu joguei alguns sapatos fora
agora a pouco
eles eram antigos
eles estavam macios
mas desbotados
nada contra coisas desbotadas
a maior parte das coisas que uso
perderam a cor original há tempos
mas não posso me manter no casulo
e não aceitar as novas asas que me são dadas
ou que conquistei

algumas coisas são como cisos
os dentes do juízo
nascem depois de anos de trabalho árduo dos outros dentes
alguns até sem nome
tantos trabalham
só um ou dois levam a fama
dentes do juízo
só por que vem com anos de trabalho de outros
trabalham menos, por isso são inteligentes
o que eles não contavam é que a modernidade os excluira de forma tão fácil e prática
excluíram o juízo
ou ao menos os cisos

mas algumas coisas são como o cisos
em outro sentido
são de fase
uma fase da vida
dependendo da briga
o homem precisa armar seus escudos e suas tiranias
armadilhas precisas
sapatilhas de bailarinas
ilhas de fantasias
confetes e serpetinas
whiskey e cocaína
são instrumentos dos momentos que se passam

passam como os sapatos que cruzam as ruas todos os dias
perdendo a cor e ganhando milhas



.por rodrigo, carnaval divertido.

deixa eu ver...

o Papa saiu do hospital e voltou ao Vaticano. talvez isso não diga nada, mas talvez signifique que uma força do caralho mova uma pessoa sem condições físicas mínimas para viver para que ela continue sendo um exemplo de fé, esperança e luta parar tantos outros.
agora, se essa força é orgulho ou se é fé a única pessoa nesse mundo que sabe disso é o Papa.

e quando ele morrer? o que deve acontecer?
quantas coisas acontecem ao mesmo tempo para que tudo funcione?
quantos morrem para tantos outros nascerem?

sei lá
sabe aquelas filosofias banais, aqueles clichês todos?
pois é, to com eles na cabeça...
nada demais, mas é interessante pensar que as contra-indicações nem sempre são as escritas na bula.

.por rodrigo, meio sem saber se expressar.
.by the way: sim, vi 21 gramas.

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

monteblog

eu conheço dois dos três integrantes de uma das melhores bandas que vai surgir daqui uns tempos.

Montetape

eu extremamente recomendo de todo o coração o link do blog deles.
o recém criado monteblog (www.montetape.theblog.com.br) conta com textos dos três.
sou fã não só da banda, mas dos dois integrantes que eu tenho a honra de conhecer.




.por rodrigo, aguardando a banda.

I Better Be Quiet Now

Cheguei em casa, ela estava dormindo na minha cama.
Como fui tolo em deixar de te dizer isso há anos, então te digo no teu sonho: te amo.
Digo baixinho no teu ouvido pra não te acordar: te amo, meu amor.
Digo o que meu coração sempre quis te confessar: te amo.
Mas, medroso, não falei jamais: te amo.
Mas, sabendo o que queria, não falei jamais: te amo.
Nem quando olhei nos teus olhos e não consegui pensar em outras palavras: te amo.
Nem quando olhei nos teus olhos e não existiam outras palavras: te amo.
Ou quando dormia no meu colo: te amo.
Acariciava teus cabelos: te amo.
Abraçava teu corpo: te amo.
Sentia teu coração nas tuas lágrimas que caiam por outros: te amo.
Te amo, nos teus ouvidos, eu poderia dizer baixinho, nos teus sonhos, eu poderia gritar.
Mas vai embora, mais uma vez.
E sigo aqui pensando em músicas e poesias. Diaadia tolo.
E fica aqui a dúvida: te amo?
Ou será que apenas quero te amar?



.por rodrigo, elliott smith na madrugada.

terça-feira, fevereiro 01, 2005

um ensaio sobre o ensaio

ensaiamos
gravamos
tá na trama!

www.tramavirtual.com.br/semoventes


.por rodrigo, na trama.

Dois em um, só pra dar um oi, pois não dá pra deixar pra depois

Correu rápido
Pulou sem olhar pra baixo
Sabia do abismo, mas queria chegar do outro lado
Se arricou
E, como um risco, cruzou o céu por alguns instantes

- - -


Sabia que tinha três opções
Em uma delas o final estava longe
Nas outras duas, o final estava longe de ser feliz

A primeira era conseguir
E depois continuar
A segunda era não conseguir
E sem depois, pois ia acabar
A terceira era ficar
E o depois ia nunca mais continuar




.por rodrigo, o desaparecido, chato, esquisito e nada esquecido.

meio quarta-feira de cinzas essa terça pós-fórum, não?

então do fórum muito já se disse, muito já se discutiu e criticou. eu recomendo isto, isto e isto.

a minha impressão é de que de evento político para discutir a esquerda e alternativas ao neoliberalismo, o fórum passou a acontecimento cultural. o que mais aparece são os shows, os idiomas, as vestimentas, os hábitos, e tudo aquilo que tenha algum toque de exótico. o que em si não é ruim, muito me agrada conversar com um sul africano, uma coreana, muitos franceses e um egípcio ao mesmo tempo. isso porque ver outras culturas de perto é sempre mais interessante que assistir àquele filme que só vai passar em uma seção em uma das salas da casa de cultura ou deixar a tv no discovery channel. o exótico sempre fascina, a diversidade, a pluralidade ou seja lá como você quer chamar, sempre nos dá a impressão de troca de experiência, de crescimento, de que saímos sabendo um pouco mais de quando entramos.

entretanto, que me lembre, essa não é a proposta do fórum. e de debate político, de alternativas econômicas, vi bem pouco. tudo bem, apareceram aí mais de 300 propostas, todas com o objetivo de mostrar que o fórum PRODUZ RESULTADOS. mas escrever propostas e grudar tudo em um mural, convenhamos, é muito fácil, e não são necessários mais de cem mil pessoas pra isso. me pergunto o que vai ser feito pra colocar pelo menos uma destas em prática. também vi centenas de pessoas usando o adesivo do ato contra a ocupação do iraque, a ocorrer em 19 e 20 de março. mas dois meses é tempo o bastante pra esquecer dos adesivos e lembrar de contar só as histórias que envolvem danças africanas, rituais indígenas ou campistas ensandecidos.

o meu fórum se resume nessa imagem: eu e fernanda sentada na grama de frente a um dos palcos na beira da guaíba, vendo um show que não me lembro, quando aparecem três meninos com menos de dez anos catando latinhas e disputando a atenção de quem ainda tomava sua colônia ou polar clandestina. fernanda me olha e diz, numa das únicas manifestações sérias de toda a noite "um outro mundo tem que ser possível".

.por julia. aliás, rodrigo, onde tu te enfiou?