sexta-feira, setembro 29, 2006

desafio

manu me propôs um desafio:
escrever em cima de versos e frases que ela me passa.


o primeiro é fruto da frase: Ainda com teu cheiro em mim


1.
Ainda com teu cheiro em mim
abro os olhos

caindo como um de repente
dos meus sonhos,
consumo o que somos
como sons, atenção e esquerdas

esqueço

só segue, agora, o cheiro

deixo atrás, todo desespero
parado como um cactus no deserto
recheado do teu sangue

que escorre pela cama,
pela lâmina

pela lágrima que cai como enchente

pelos lencóis e pelos anéis
pela minha pele possuída
impelida do teu cheiro

mas, transformando a alma em lama
lavo minhas esperas
em teus sabores

Ainda com teu cheiro em mim
calo o calor do corpo
e estrago teu perfume
com um fim

segunda-feira, setembro 25, 2006

são as cores

Quais são as cores
De um corte quieto
No curso da noite?

No uso direto
Da hora branca
Difusa

Na casa azul leve
Sem nuvens ou valetes

No calor vermelho
Velado em nove novembros
Sem sombras brasas ou ventos cinzas

No inverno verde
Que vaga entre as estações

E nos colares
Que fervem pedra no teu peito

segunda-feira, setembro 18, 2006

1.

Tinha gostos
Como gestos
Gastos como cappuccino

Em fragmentos de pingos de chuva
Escondia bossa nova

Nos olhos, vida a perder de vista
Nos dentes, palavras que estralam
No vinho, vela


Tropeça no sereno sobre a madrugada que amanhece
Mansa, solta-se da seda
O lençol plástico emoldura
Enquanto o sol se desliga da lua

domingo, setembro 17, 2006

1.

Sim
Eu sumo
Eu saio
Me canso
Desgasto das coisas
Desabo na cama
E acordo em outros planos
No canto, com alguns cantos
Com sonhos mofados
Vou direto pro fim
Facilito minha ausência
Insisto em sentir
Resigno em sinais confusos
Desenho outros mundos
Planto e tento colher a colheita
Pinto os resquícios da tinta
Calo com a enorme coleira
Caio em armadilhas
Buscando o cessar da emboscada

Sim
Eu sumo
Eu canso dessa palhaçada
Saio dessa poesia
Com mais números e nada
Esmoreço sem merecer
Deserdo do deserto que atravesso
Como herança vingativa da genética
Patético

quarta-feira, setembro 06, 2006

damas

sempre um jogo