terça-feira, março 29, 2005

rápido, não se vê as coisas acontecerem, ou chegarem

A porta tocou
E a campainha bateu
Eu tava no banho
Molhado, não fui atender
Sabe, shampoo no cabelo
Corpo nu e toalha longe
E, além do mais, não quero comprar nada.

Os olhos no espelho
Lavo a língua e salvo os dentes de eventuais cáries
Passo um pente relapso pelo cabelo ralo

Calço o sapato e coloco as meias
Ajeito, desajeitado, a camisa pela calça clara

Janto um pão puro e um café preto ás oitodamanhã

Saio pra rua pra ir pro trabalho
Pasta na mesma mão que tem o relógio no pulso
Passo rápido pensando no salário e nas mensalidades da tv
Sinto todos os assuntos que me tocam
Com um sabor do seu pescoçoveneno
Pequeno defeito ter esse vício de você

Sinal vermelho sem sentido se não se vê
Quando se vaga de cabeçanãovazia pelas calçadas
Cruzando carros encostados nas meninas armadas de calcinhas
Pelas esquinas, dentistas, farmácias, fantasias e pessoas


Caio rasgando o joelho no asfalto
Logo que o carro apressado como eu
Ri com seus olhos desdentados
Meu destino de hora da estrela
Sem árvore, filho ou livro pra me contar num eraumavez
Infinito que só os bons livros conseguem ter



.por rodrigo, mais que sobrevida, sobretudo no frio.