segunda-feira, fevereiro 06, 2006

leia escutando pj harvey, this mess we're in

The helicopters


O telefone toca quase em silêncio. Soa quase sem voz na manhã quieta, quando nada ou ninguém quer ameaçar desfazer a alvorada. Nem mesmo o vento apareceu, mas o pequeno resto da madrugada deixa o calor ameno. É primavera para as flores e outono para as folhas no chão.

- Can you hear them? The helicopters? I'm in New York.
- No need for words now.

Ela atende ao telefone meio sem jeito, meio sem querer; sem ao menos ouvi-lo tocar. Senta na cama calada e de lençóis desalinhados.

We sit in silence

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- You look me. In the eye directly.

O som insiste em suspirar baixo alguma canção sóbria de guitarras com pouca distorção e uma súbita poesia de voz feminina.

- You met me. I think it's Wednesday.
- The evening.

As promessas sempre rompem as conversas camufladas de sorrisos.

Night and day.

Alguém sempre se curva para o silêncio, enquanto outros caem como bêbados nas palavras.

- I dream of Making-love. To you now, baby
- Love-making

E os sonhos que se criam soam tão humanos, tão singelos.

- On-screen.

Sonhos que se calam na primeira esquina, receosos de serem cumpridos apenas como promessas. Somem ao depararem-se com o sol que acorda a todos, reluzindo como ouro no céu distante. Tolos que somos ao buscá-lo.

- Impossible dream.

E o que fica com os que ficam?

- And I have seen The sunrise. Over the river
- The freeway.

E os porquês que ecoam e reverberam nas paredes geladas sempre ficam calados de respostas. Sem sequer uma ironia que fosse.

Reminding

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- What were you wanting?
- I just want to say

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E, de tudo, sempre ficam os pedidos lançados no chão coberto de poeira; e os verbos rasgados pelos adjetivos que estão sempre ao alcance do punho.

- Don't ever change now, baby

Fora os restos que são largados num canto. Qualquer canto de qualquer quarto. Para fingir esquecimento, fingir que foram embora. Um fingir humano.

- And thank you.

Uma caixa de bilhetes, fotografias, do rótulo da champagne, de esquecimentos. Um armário vazio; de cabides, agora, abandonados.

- I don't think we will meet again.

E se o som continua a soprar os lábios com mentiras na voz tão sua;

And you must leave now,

e se os olhos, quando miramos diretamente o sol, se confundem branqueando tudo que se vê;

before the sunrise.

então, o que fazer com a caixa cheia de perguntas?

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Assim, o som das nuvens cortadas por helicópteros se fez mais forte um pouco antes do silêncio que nem mesmo o vento ousou desfazer.

Above skyscrapers.

E tudo agora eram frases entrecortadas por um interurbano que

- The sin and

Cabiam apenas em um bolso cavo de paletó

- This mess we're in and

Agora, apenas bobagens superficiais os tocavam.

- The city sun sets over me









.por rodrigo, um texto velho para velhos sentimentos-velhos.

.a música é foda!!!!!!.
.eu amo a pj.