quinta-feira, julho 27, 2006

o céu como parede

as folhas se espalham
pela sala
as folhas com palavras
voam as sílabas
agora, não mais caladas
assobiadas pelo vento
que as leva
para longe
da mesa
pára, não mais
horizonte
sonhos centrípedos
de um hoje que é pra sempre
num presente
com laço e passos de danças
muitas danças, que se lançam
num espaço que jamais se cansa
do que nunca somos
dentro desse cosmos
longo, longo, longo
que cabe nessa praça prata peito pêlo grisalho
em que tropeço no silêncio insípido
que se debruça carpete pelo assoalho movediço
que some minha casa
pátio, pedra, traço, mente, corpo
pra sempre

me movo
de novo, renovado
no absurdo escuro onde moro
que é a letra preta
pintada à pincel demorado
no branco papel
que, agora, toma rumo
ao léu...