sexta-feira, novembro 18, 2005

cortar horas

Quero sair correndo
Correr tanto que, sem ao menos eu perceber, decolar para vôos longínquos.
Fugir desta sala cansada de trabalhos e que nunca tira férias.
Descansar a cabeça em diálogos amigos.
Discutir coisas interessantes e afundar o vazio que resta dessa permanência insossa no Departamento.
É impressionante como o tempo gasto numa sala branca pode ser intensamente repetitivo.
Como se cada minuto fosse igual ao anterior. Como se cada segundo fosse igual ao minuto anterior.
Queria lançar-me por ai.
Voar tirando os pés do chão e não permanecer mais com as costas grudadas no couro da cadeira.
Pois, assim, não podem surgir as asas.
E a cabeça não consegue vislumbrar mais que a pequena parte azul do céu. Céu que não sei nem se com nuvens ou não.
E a tela branca cega os olhos e o cérebro.
E os ombros xingam os dedos que não conseguem expressar a sua angústia de um jeito bonito.
Ah, como eu queria pular da sacada e cair na piscina que eu inventei ali embaixo.





.por rodrigo.