quinta-feira, novembro 17, 2005

Ele sentou e descansou os olhos na escuridão que reina quando se fecham as pálpebras pesadas sobre as luzes do dia. Pensou triste que algumas vezes o desejo de ajudar torna-se perigoso.
Queria pegar ela no colo e consola-la em segundos, espantando todo o mal pra longe e trazendo o conforto pro seu peito. Mas era muito jovem, e não sabia direito o que ou como fazer.
Na verdade mesmo, não sabe lidar com as lágrimas nos olhos dos outros. Quer secar. Quer acabar com elas, mas não sabe como.
Eis que, então, entra o desespero que acaba com o raciocínio e sufoca o homem, deixando apenas o menino. Bom, todos sabem que os meninos não sabem lidar com sentimentos e que batem nas meninas quando querem nada além de seus beijos.
Assim, a machucou sem perceber que o que fazia era um erro.
Acordou com o medo de quem sente que fez algo que não era pra ter sido feito, mas já era tarde demais.
E, de tanto querer aperta-la contra si para afastar seus medos e criar um escudo contra o tempo ruim que se instalara, não percebeu que a moça agora estava morta em seus braços.
Provavelmente, ela cansou de pedir-lhe que a deixasse ir, mas ele, esquecendo que a chuva é apenas água, a colocou sob seu capote com o rosto voltado contra seu peito. Com seus lábios trancados junto com coração.




.por rodrigo.