sexta-feira, setembro 09, 2005

churrasco de domingo

- Monótono,
percorro através do sono
todos os dias
Mesmo os claros e os escuros,
mesmo os de alforria
da vida pública
são votos de cabresto
nas mansas obrigações de família

- As dores que perturbam
consomem meus ossos até o fundo
E a escada do edifício, é um martírio absurdo

- Nada de novo
acontece ou origina
no dia-a-dia raso da semana
Quando a rotina gasta o sorriso
e é preciso consertar
as lembranças que surgem
esquecidas

(As ameaças contidas
nos “bons dias” sem saudades
são escondidas em disfarces
e cobertores)

- Amores são transmitidos
junto com a faca do pão
e passados para os filhos
como a manteiga no pão quente,
novo,
vindo do forno,
feito pela vó e seus dedos enrugados

- E pega o carro
e sobe o morro
e rápido foge da morte
para, com sorte, chegar a tempo
de buscar a filha na escola
e o guri jogando bola

(Instante de detalhes
sempre velhos para os olhos acostumados

Insatisfeitas as vontades
dos jovens sempre sem tempo)

- E o time, sem centro-avante
duro na defesa,
mas com muitos furos, com certeza

- Mas, se reclamas, por que voltas?
Sabes onde é a porta
Ninguém te segura, vá embora...

- Ignora, deixa passar!



- mas e o churrasco, que não sai?




.por rodrigo.